A Vida Como Ato Político
Eu já nem me lembro quando o jovem que havia em mim, libertário e humano
Deu lugar ao que agora sou: consumidor limitado, cliente bancário
Quando eu quis ser professor não imaginava o que era viver de salário
Agora, que pese minha dor, pelo mundo que carrego também sou culpado
Fiz minha cama de sonhos, mas vim caminhando a esmo
Me recuso a ser a autoridade em sala de aula
Me interesso por quase tudo, mas eu não sei de nada
Não sou o dono da verdade nem dou a última palavra
Sou dono apenas dos meus passos e da minha estrada
Dizem haver edifício perfeito do outro lado do muro, longe do meu leito
A vida como ato político desconstrói esta engenharia social é nosso defeito
Quando quis ser compositor não vislumbrava o universo em que estava adentrando
Agora sei que é ensurdecedora a primavera das cigarras cantando
Depois das Sociedades Anônimas tiraremos nossas máscaras!
Quem financia o projeto de privatização da vida?
Quem patrocina a jornada de terceirização da crítica?
Quem dá fé ao movimento de espetacularização da estética?
Quem escamoteia o debate pra fazer pregação mítica?
"Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só
Sonho que se sonha junto é realidade."
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