sábado, 14 de maio de 2016

14. Ministério Da Desburocratização

Ministério da Desburocratização*

Quando nasci, um papel qualquer
De um cartório em Goiás
Dizia que eu existia
Crescendo, via que um papel qualquer
Valia o que qualquer coisa possuía
Que tudo que eu sabia era validado
Por um papel timbrado
Que o ministério da educação reconhecia...
Enquanto eu me virava, li no edital do concurso
Que estaria sujeito às sanções previstas no decreto publicado
Pelo ministério da desburocratização
Caso prestasse falso depoimento e atentasse contra a fé pública
[e aqui abro parênteses para perguntar
Será que o Figueiredo não via que ironia idiota?]
[“Eu vou quebrar as pernas desse modelo econômico!”]
Neste caso, o papel vale mais que minha voz e sana qualquer dúvida.
Quando envelhecer, e não servir mais pro trabalho,
E pra merecer aposentadoria ou pensão,
Precisarei de um papel pra dizer que estou vivo
A que se chama “atestado de vida”
(Vida?)
Por fim, a ironia recairia em mim, que pasto
Em prolongada agonia
Que apenas se inicia.

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