Função Social do Desperdício
Em nossas ruas escuras
Há somente putas, traficantes e mendigos
A sociedade do controle
Engendra em todos tantos vícios
Veja bem, a fome tem
Seu aspecto [bio]político:
O [bio]poder de comer
E o de deixar ou não deixar morrer
E o Socialismo Socialite
O Socialismo de Mercado
Rascunho, caricatura
Da Ditadura do Proletariado
Tem delegado sindical
Pedindo aumento de salário
Instrumento, engrenagem
Da mão invisível que controla o trabalho
Na natureza nada se perde,
Nada se cria. De tudo
A lógica privada da vida
Vem e se apropria
Especulação imobiliária
Na favela com a U.P.P.
Libera a toda máscara
Do vandalismo da Tv
Hoje o sol brilhou
Mas o sol brilhou pra quem?
Você olhou pro céu?
Sabe o que perdeu?
Você “deu duro” por três meses
Pra pagar o imposto da nação
Sinto informar: no resto do ano
Enriquece o seu patrão
Pulando de galho em galho
Somos um animal ridículo
Escravos do banco e do salário
E do aluguel que engorda com meu trabalho
Se não puder vencê-los, eu digo a vocês
Junte-se a eles na miséria ao fim do mês:
Com a primeira semana de trabalho, pago a moradia
Com a segunda semana de trabalho, pago água e luz
Com a terceira semana de trabalho, pago o alimento
Com a quarta semana de trabalho, eu já compreendo
Que eu pago pra trabalhar
[E eu não escolhi nascer]
Na cidade em que os stalkers
Sejam homens ou mulheres
Vão ao site da transparência
Investigar seus contra-cheques
Quando sobra comida
E a miséria revira o lixo
Finalmente, está cumprida
A função social do desperdício
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